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Morte no Antigo Egito: O Reino de Osíris (Texto final) Empty Morte no Antigo Egito: O Reino de Osíris (Texto final)

Mensagem por Luise Rodrigues 22nd julho 2015, 7:39 pm

Morte no Antigo Egito: O Reino de Osíris (Texto final) 14144z5
CANOPOS ENCONTRADOS EM SAQQARA

Durante os muitos séculos transcorridos até hoje na História, a morte foi um elemento muito impactante na vida dos habitantes do planeta, onde esteve sempre cercada por mistérios e levantava questões sobre o que aconteceria no seu posterior. O modo como os antigos lidavam com a morte, pode ser explicado através de seus rituais, objetos característicos e a maneira como se dirigiam as suas divindades em particular. Um povo bastante ligado aos rituais funerários foi o dos antigos egípcios. Com tumbas faraônicas, sarcófagos, múmias e vasos canopos, demonstravam o quão importância davam a conservação dos corpos e como isto era fundamental para realizarem a passagem para o mundo dos mortos após o julgamento presidido por Osíris.

Passar por todas as divindades e pelo processo da pesagem do coração não seria uma tarefa nada fácil se o falecido não estivesse preparado. Com uma mumificação que incluía o processo de secagem do corpo com natrão, retirada do cérebro pelo nariz, remoção de alguns órgãos para os vasos canopos, enfaixamento com tiras de linho e goma e enterramento no sarcófago, os egípcios confiavam que realizariam uma viagem tranquila no pós-morte, uma vez que teriam um corpo para retornar. Outro fato fundamental era a identificação do nome do falecido no sarcófago ou ataúde, pois, se este foi indevidamente identificado ou apagado posteriormente, o espírito não teria para onde retornar (porquanto o mesmo se encontraria “perdido”).

As tumbas mais luxuosas nos mostram com mais riqueza de detalhes como se davam estes rituais, que incluíam o próprio processo da mumificação e a chamada “cerimônia de abertura da boca”. Estes eram muito importantes para este povo tão ligado a morte, mas ao mesmo tempo tão cheio de vida, dada a vastidão de sua cultura. Objetos como os vasos canopos, amuletos, shawabtis, esquifes, dentre outros, eram presença obrigatória nestes cerimoniais. Todos, teoricamente, teriam acesso à mumificação, tanto que existiam três variantes, que iam de uma mais luxuosa a uma mais simples. O fato dos egípcios contarem com três tipos de mumificações, não os fazia pensar em que a mumificação mais simples seria mal vista perante os deuses.

A morte foi um fator que sempre povoou a cultura egípcia antiga. Por isso a preparação para a passagem para o além começava cedo. Você deveria ter consigo uma cópia do Livro dos Mortos, uma série de encantamentos que lhe auxiliaram a chegar com segurança ao julgamento de Osíris. Talvez seja neste momento que entendamos por qual motivo o coração era conservado e o cérebro jogado fora: o coração, considerado como centro, era pesado na balança da justiça junto com a pena de Maat. Se fosse mais pesado, o morto seria devorado por um monstro horrendo, mas, se ficasse com peso igual ao da pena, significava que a pessoa era boa e poderia desfrutar de todos os privilégios do além.

A primeira versão do livro foi dada no ano de 1842 pelo alemão K. Richard Lepsius, embora o título não seja tão exato quanto o exemplar original. A nomenclatura mais próxima do original seria Capítulos do Sair à Luz ou Fórmulas para Voltar à Luz (Reu nu pert em hru). O coração mostra-se então como peça chave no julgamento dos mortos, por isso a preocupação em preservá-lo tão ardentemente. O reflexo desse fato na sociedade está na preocupação dos egípcios em serem demasiadamente bons, sem falar na Confissão Negativa apresentada no Livro dos Mortos, que deveria ser “recitada” posteriormente diante dos deuses na Dupla Sala da Verdade-Justiça.
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TUMBA DE TUTANKHAMON NO VALE DOS REIS

Voltando a falar sobre os objetos ritualísticos mortuários, nós podemos destacar três grupos principais: os vasos canopos, o sarcófago e os shawabtis. Primeiramente falemos dos vasos canopos. Eles constituíam um grupo de vasos onde determinadas vísceras eram guardadas, sendo cada vaso correspondido a um deus específico, bem como a víscera a ser guardada nele. No vaso com cabeça humana (Imseti) era colocado o fígado, no cabeça de babuíno (Hapi) eram colocados os pulmões, no cabeça de falcão (Kebehsenuef) eram colocados os intestinos e finalmente, no cabeça de chacal (Duamutef) era colocado o estômago. Estes vasos deveriam se encontrar próximos ao sarcófago. Os homens responsáveis por todo esse processo de mumificar seguiam um rigoroso ritual, vinculado a cânticos e declaração de encantamentos mágicos.

O sarcófago era onde o corpo do falecido seria depositado após um processo de 70 dias de mumificação. Dependo da época e classe social, o material poderia variar, mas o que nunca mudava era o fato do sarcófago geralmente possuir as feições do rosto do falecido. Essa era à maneira da alma (dita Ba pelos egípcios) achar mais facilmente o corpo. Os corpos, que eram conservados através da mumificação, estavam seguindo um princípio de sustentação de sete elementos para o individuo ser “considerado vivo”. Um dos quatro princípios corpóreos era ter justamente um corpo para retornar. A múmia ainda poderia receber uma cobertura com uma espécie de gesso diretamente no corpo, no caso da não utilização de sarcófago.

Os shawabtis eram pequenas estatuetas de forma humana que eram depositadas na tumba. Seu número poderia variar desde uma quantidade mais razoável até chegar ao total de uma para cada dia do ano. Sua função era a de trabalhar para o morto no além, sendo então quase um formato de representação de “empregados”. Nem só os shawabtis eram significativos representativamente na tumba. A própria tumba em si nos dá muitas pistas. Por exemplo: uma tumba nunca foi encontrada 100% pronta. Sempre tem “um cantinho por terminar”. Uma tumba pronta era “chamariz para morte”. Outro ponto é sempre representar a morte com a cor vermelha (cor do deserto e de Seth – O Caos). Mortos homens são geralmente representados com barba curva.

Como encerramento deste texto, trago um trecho escrito na Edição 191, de Agosto de 2013, da Revista Superinteressante. A matéria A fantástica ciência do Antigo Egito assinada por Karen Gimenez na página 54 diz: "Eles queriam ser eternos. Ordenaram todas as suas energias corações e mentes para isso. Construíram seus templos de pedra, onde gravavam suas memórias nas paredes, mumificavam os mortos para que seus corpos vivessem até a eternidade e, assim, desenvolveram a Ciência, a Arte e os Costumes. Não resta dúvida: eles conseguiram"!

REFERÊNCIAS:
CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Antigo Egito. São Paulo: Brasiliense, 2004.
GADALLA, Moustafa. Mística egípcia: buscadores do caminho. São Paulo: Madras, 2004.
OLIVEIRA, Thiago de. A morte no Antigo Egito. Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura Plena em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre (ES). Aprovado em 30 de Novembro de 2013. pp. 1-36.
O LIVRO dos mortos do Antigo Egito. São Paulo: Hemus, 1972.
http://inconscientecoletivo.net/japoneses-descobrem-sarcofagos-de-33-mil-anos-no-egito/#
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