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O papel da mulher no Antigo Egito
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O papel da mulher no Antigo Egito
Amon-Rá abençoando a rainha Hatshepsut com honras de faraó.
Mesmo desde a época pré-dinástica e, sobretudo no período dinástico, a mulher egípcia já desfrutava de uma invejável posição sócio-política-cultural, chegando, em certos períodos, a equiparar-se ao homem. Seu prestígio era bem mais acentuado que o de suas contemporâneas de sociedades vizinhas. Historiadores gregos, como Heródoto, Plutarco, Diodoro e Hecateu de Mileto, ficaram surpresos diante da hierarquia que a mulher egípcia ocupava na comunidade. Juridicamente, possuía os mesmos direitos, prerrogativas e as mesmas responsabilidades.
Podiam dispor de bens próprios e ser proprietárias de terras por elas mesmas administradas; participavam de transações comerciais; também herdavam bens e faziam testamentos. Quando se casavam, continuavam a dispor de seus bens e, em caso de separação do cônjuge, tinham seus direitos garantidos. Iguais perante aos códigos de leis, podiam apresentar-se diante dos tribunais como acusadoras, defensoras ou testemunhas. Eram responsáveis pelos seus atos e, igualmente, estavam sujeitas às mesmas penalidades ou castigadas com a mesma severidade que as dispensadas aos homens.
A condição normal da mulher era a de casada, constituindo parte de uma família monogâmica, núcleo da sociedade egípcia na época faraônica. As representações de casais e seus filhos mostram a importância da estrutura familiar e o papel fundamental representado pela mulher. Esse prestígio de que a mulher egípcia gozava se fazia sentir, não só no setor político e religioso, mas ainda na esfera social e nas diversas profissões de nível superior. Há relatos de duas médicas que ficaram conhecidas no Antigo Egito, inclusive exercendo cargos de chefia e outros de trabalho de grande responsabilidade.
A primeira médica citada nos textos é NEFERICA-RÁ ou NEFER-KA-RÁ, médica-obstetra que atuou na corte do Faraó SAHURÁ – 5ª. Dinastia (2494-2345 a.C.). Outra médica, mais citada nos textos, foi PESESHET que atuou durante o reinado do Faraó Amenhotep III – 18ª. Dinastia – Novo Império (1552-1305 a.C.). Exerceu suas funções como “diretora de equipe de médicos” e, nas representações, era sempre citada como “aquela que arbitra” ou “aquela que decide”, confirmando sua posição como uma autoridade conceituada no âmbito da Medicina. PESESHET foi homenageada por seu filho, o Sacerdote Akhet-Hetep, que lhe dedicou uma Estela comemorativa em Gizé, na qual estão claramente gravados o nome e os títulos honoríficos de sua mãe.
Devemos ressaltar que a posição sócio-cultural e profissional alcançada pela mulher não se restringia apenas àquelas pertencentes à nobreza. Também as mulheres do povo desfrutavam de dignidade e de respeito na sociedade faraônica.Mas, o auge do prestígio da mulher no Antigo Egito pode ser facilmente avaliado pelas importantes realizações no âmbito religioso e na realeza. Princesas e as esposas dos faraós exerciam atividades de grande relevo nas práticas religiosas. Eram as “Divinas Adoradoras de Amon” – “Divinas Esposas Reais” – “Mães do Faraó-Deus” – “Cantoras de Amon”. Participavam ativamente dos rituais de oferendas às divindades, cerimônias de consagração e de jubileus, orações e procissões de barcas sagradas.
Em toda essa representatividade a mulher, como sacerdotisa da divindade (de ÍSIS, de HATHOR, de SEKHEMET) tinha um papel preponderante, mormente naqueles rituais em que se celebrava o nascimento do “Filho Divino”, do Faraó-Deus, representados profusamente nos santuários dos “mamisis”, em vários templos. E, como corolário desse prestígio, não podemos deixar de citar as famosas “rainhas-Faraós”, cujos nomes a história tem conservado tão zelosamente e que exerceram suas funções como soberanas incontestes, dedicando suas vidas aos ideais de bem governar o Egito, a grande potência da Antiguidade.
Nefertari, a esposa real do faraó Ramsés II (XIXª dinastia).
Eis-nos, então, diante de uma plêiade de rainhas autênticas e consagradas: – Nitócris – Hatchepsut – Nefertiti – Tausert – Cleópatra – nomes que os séculos têm repetido e relembrado como mulheres que gravaram em suas vidas os marcos da glória e do poder.
Texto do Professor, doutor, e membro do ex-Centro de Egiptologia e atual GEAF (Grupo de estudos avançados) Prof. Dr. Geraldo Rosa Lopes.
Referências bibliográficas.
LOPES, Geraldo Rosa. O Papel da Mulher no Antigo Egito.
Retirado do Site Egiptologia Brasil:
http://www.egiptologiabrasil.org/2014/09/o-papel-da-mulher-no-antigo-egito.html
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